segunda-feira, 21 de maio de 2012

Vou-me Embora prá Pasárgada


Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

ANÁLISE:

Esta poesia foi feita quando Manuel estava em  leito de morte,quase morrendo.Por isso, imaginava essa cidade Pasárgada como se fosse o céu,uma outra civilização,pois isso exitia no ima ginativo dele.
Ele sofria de tuberculose - doença causada por uma bactéria ,que causatubérculos,principalmente nos pulmões - e não ezistia tratamento naquela época.Por isso,ele se sentia sozinho,pois se tinha preconceito naquela época,que as pessoas nem chegavam perto dele que temiam ser contagiadas por ele.
Por isso ele morreu sozinho,nem ninguém para ajudar.

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